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quinta-feira, 18 de março de 2010

Tortura

O vermelho dos meus olhos se misturam com os roxos em meu rosto. Os pontos nos lábios, enquanto meus braços se envolvem em minhas pernas procurando ar. A cabeça abaixada, a garganta seca, o corpo nu, sangue sobre um palco criado, a água quente do chuveiro, o vidro embaçado, as dores de mais um dia de auto tortura.
Os visinhos se enlouquecem com a música alta, não quero que ouçam meus gritos, essa dor que me consome ao lembrar de ti em cada letra. O gosto de sangue já marcado nos lábios, os perfuro com os dentes toda noite em que não sinto teus beijos me dizerem boa noite.
Me jogo contra parede recitando todos os poemas que te dediquei, relembro todas as nossas conversas, reclamo de todas as tuas promessas... Malditos planos que nunca se concretizarão!
Essa é a minha hora do dia, ou da noite, já nem sei mais, não deixo que abram a cortina do quarto. É o momento que mais odeio, ou o que mais amo. Preciso dessa tortura diariamente, lembrar de tudo o que me fazia bem, e que hoje só me faz sofrer, é como uma droga, que me alucina, que me tira do meu próprio eu, e que me faz curar todas as feridas. Um dia, sei que não precisarei mais delas, sei que vou conseguir olhar o sol, ou enxergar as cores desse mundo caótico, mas enquanto eu não alcanço meu troféu por tantas dores, continuo com minhas torturas a procura de ar.

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