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quinta-feira, 18 de março de 2010

Amor Psicopata


Frank acordou com o corpo todo dolorido, sentia dificuldade em abrir seus olhos, ou em balançar a cabeça. Sentiu seu corpo pesado e molhado, tentou se mexer, mas não conseguiu, estava amarrado, estava sentado. Sentia correr um liquido grosso de sua boca, sentia o cheiro forte de incensos, podia ver as velas acesas naquele lugar frio, escuro, sujo, molhado, sombrio.
Ficou desnorteado, não sabia como tinha ido parar ali, gritou por socorro, mas seus lábios doíam, aquele liquido tinha gosto de sangue, deveria ser, seus olhos estavam pesados, sentia dores por todo seu corpo, e apenas o eco vazio de sua voz fraca passava pela sala. Foi então, que ouviu passos, aliviou-se, estava a salvo, alguma alma abençoada o tiraria daquele terrível pesadelo.

Sorriu, por mais que seus lábios doessem, sorriu ao ver a figura se aproximar em passos lentos de seu corpo aprisionado em uma cadeira de madeira velha. O homem, vestia uma manta negra, uma capa, com um capuz que impedia Frank de ver seu rosto, não importava, ele estava a salvo.

- Por favor, me tire daqui!

Foi tudo o que a voz fraca de Frank o permitiu dizer, e depois, apenas se ouvia o som de uma gargalhada demoníaca, provinda do homem da capa preta. Frank então, se assustou, tudo estava perdido, aquilo não era um pesadelo como na noite passada, não, era real, e muito, pois ele conseguia sentir as dores.
O homem, pegou uma das velas, e dirigiu-se de volta a Frank, rodeando, como um predador que analisa com cuidado sua presa, arrancando suspiros de medo de Frank. Aquele cheiro, o perfume do homem, não lhe era estranho, suas curvas escondidas pela capa, o balançar de sua cintura ao caminhar, seus gestos, era confuso demais, ele conhecia de algum lugar tudo aquilo. O homem, então, retirou sua capa, de costas a Frank, que olhou pasmo. Era Gerard, seu namorado, seu amor. Impossível não reconhecê-lo naquelas roupas pretas, seu andar sensual, aos olhos de Frank, sua pele extremamente clara, seus cabelos escuros. Respirou fundo, não acreditava, o que ele queria, o que ele pretendia? Sua mente não parava quieta, tinha que arrumar uma forma de sair dali.

Gerard, não falava nada, apenas olhava Frank com um olhar demoníaco, percebia em seus olhos uma loucura pouco comum em um relacionamento amoroso. Seu sorriso, era psicopata, seus dentes travando-se em uma linha entre o medo e a paixão de Frank, que pedia por ajuda, e apenas recebia tapas que machucavam ainda mais seu rosto já fraco e esmurrado. Sentiu mais sangue lhe invadir a face, escorrendo por sua roupa, que já estava manchada, permanecendo intacto nas mãos gélidas de Gerard. Aquele não era o seu Gerard, era um demônio, ou qualquer outra coisa que possa ter se apossado do seu amor. Custava a acreditar que aquilo tudo era real, e só o fazia quando sentia as cordas lhe cortando o pulso.
Olhe em meus olhos, Frank.
- Gerard, o que está acontecendo? É alguma brincadeira?
- Brincadeira? E você acha que eu brincaria com algo que eu realmente sinto?
- Então me diga, por favor, o que está acontecendo?
- Olhe nos meus olhos, e diga que me ama. Preciso ouvir isso antes da morte.”
- Morte? Que morte?
- Apenas me diga, Frank.
- Sim, eu te amo, Gerard.
- Era tudo o que eu precisava ouvir.
- O que fará comigo agora?
- Você não imagina? – Gerard voltou a abrir seu sorriso doentio, e pegou uma faca de seu bolso esquerdo, passando pelas ataduras das mãos e pernas do menor, que estava amarrado à cadeira.
- Você vai me matar, meu amor?
- Acho que não sou capaz de ser tão cruel, ainda.
- E o que quer antes disso?
- Você sabe. – Gerard, passou a alisar o membro do menor, por cima da calça.

O maior pegou na mão do menor, ajudando-o a levantar-se, e o beijou perdidamente, seria o último beijo de seu amor. Passou a acariciar-lhe a cintura, com desejo, com cuidado, com prazer. Frank, com medo, com dor, passou a permitir tais ações e liberdades do maior sobre seu corpo, e enquanto Gerard se perdia em seu êxtase, Frank aproveitou a oportunidade e pegou a faca que havia no bolso de Gerard, e em um ato rápido fincou-a nas costas do maior, que começou a olhá-lo com dor, deixando que lágrimas de sangue escorressem por sua face. Seu corpo estava ficando sem vida, seu coração havia sido brutalmente assassinado, não de uma forma convencional, mas da pior maneira possível.
Correu o máximo que pôde, sem direção, com dores, sem destino, queria apenas fugir daquele lugar que o causava arrepios. Achou uma estrada, e correu por ela, estava frio, estava escuro, o dia ainda estava amanhecendo, e seus ferimentos não o deixaram ir muito longe. Seus olhos morriam em lágrimas, afinal, ele amava Gerard apesar de tudo, e agora, ele estava morto, morto por suas mãos, que estavam imundas pelo sangue do mesmo.
Encontrou um taxista que passava pelo local, pediu que ele o levasse sem fazer perguntas até sua casa, pagou e ao entrar novamente, fechou todas as trancas que haviam de segurança. Tomou um banho rápido, fez uma mala com coisas necessárias para alguns dias, pegou todo dinheiro que guardava em casa, entrou no carro e sumiu.
Após alguns dias, ligou de uma cidade esquecida por Deus, deixando a casa a venda, e as a responsabilidades de seu trabalho com seu amigo. Não era muito difícil encontrar um trabalho novo na cidade, ele era jovem, bem formado, conseguiu fácil.
O dinheiro estava acabando, quando recebeu a noticia da venda da casa. Sentiu-se aliviado, e tentou respirar novamente.
Os dias se passaram, 3 meses mais precisamente, e Frank se encontrava feliz em sua pacata vidinha. Chegou em casa, crente que continuaria assim por muito tempo. Preparou um almoço delicioso, esperava por sua nova namorada, e ouviu as batidas na porta. Correu para atender, estava ansioso, e quando abriu a porta, seu terror voltou a tona.
Ele, com suas roupas pretas, sua pele clara e seus cabelos escuros, renovado, e com um sorriso mais maníaco do que o anterior.

- Sentiu minha falta?
- O que você quer?

Gerard levantou a mesma faca que Frank, inocentemente havia usado para tentá-lo matar, e mirou na garganta do menor.

- Olhe nos meus olhos, e diga que me ama. Preciso ouvir isso antes da sua morte.

Um comentário:

Frissontech disse...

Nossa, nem é frerard o conto --' Tirando esse detalhe, tá perfeito :D