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quinta-feira, 18 de março de 2010

Sufoco

Esta bolha, esta maldita bolha que me aprisiona nestes pesadelos infundados. Meus gritos se prendem, me sufocam. Minha vida se limita em uma gaiola dourada, o perigo está lá fora, as danças estão do outro lado, e eu aqui, vendo tudo ir morrendo pela tela de um espelho. Deixem-me voltar a ser uma imagem, cansei de ser um reflexo, um reflexo distorcido, uma alma vagante entre os mundos, um par de sapatilhas jogado fora.
Incrível como conseguem fazer um sonhador desistir dos seus próprios pensamentos. Deve ser tão gratificante, apunhalar quem não pode se denfender.
Meu tempo está acabando, as paredes estão se fechando, e eu aqui, essas correntes são pesadas demais, estes cadeados não têm chaves, a ferrugem dominou todo o lugar, enxofre é o cheiro que predomina, cade as luzes, o céu?
Solte a adaga, já não há mais carne para você perfurar aqui!
Ah não! Mas que tormento, as vozes, sempre elas. Meu corpo é só sangue nesta bolha de plástico vagabundo, meus gritos malditos ecos presos em minha própria alma.
Está tudo escurecendo, não há mais vida, é só um mar de fogo e vozes arruinando meu último fio de sanidade.
Sangue, sangue por toda parte, dor, chicotes, medo, pavor. Se é um pesadelo não me deixa acordar, porque minhas algemas são apenas carvão riscado em meus pulsos. Há fogo, muito fogo, mas o calor não se compara ao meu sufoco naquela bolha.
Ar, eu preciso de ar, o cheiro é tão forte. O desespero me leva à loucura, eu já estou correndo, não existem saídas, as portas estão trancadas, não há fonte de oxigênio, meu corpo, ah meu corpo está se desfazendo, estou virando pó, os gritos estão sumindo, minha vista está morrendo, o cheiro, não existe cheiro, é tudo só, pó!

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