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quinta-feira, 18 de março de 2010

Insanidade


Em um 'clik' tudo começa, o pesadelo diário que se tornou parte da minha inútil realidade. Um mergulho no inconsciente que me transforma em personagem principal.
Caminhos escuros, corredores imundos, vazio e sombras. É sempre o mesmo roteiro, o mesmo cenário, os mesmos personagens. Sua voz ecoa em todos os cantos, vindo detrás das paredes, como uma alucinação prevista, desejada, entorpecente. Meus pés correm, sem configuração alguma, eles sempre têm sapatilhas de bailarinas. Uma saia rodada e uma camisa apertada, sem mangas, sem meias, sem qualquer coisa que possa me dar uma sustentação, é assim que eu sempre me encontro ao me perder.
Eu queria gritar, gritar até perder a voz, gritar enquanto canto todas as músicas entaladas na minha garganta, mas o silêncio me prende, e eu ouço suas rimas em alto falantes presos no teto. No fim da escada, há sempre duas portas brancas, e eu nunca sei qual me trará de volta.
Pra trás apenas um caminho que eu já decorei, segredos que eu já sei, pecados que já cometi, crimes pelos quais já paguei, mistérios que já descobri, e na minha frente...
Não há nada de novo aqui, mas sua voz me perturba. Todos os cantos explodem com sua canção, meu reflexo me faz arranhar as paredes, quebrar os lustres, trincar os vidros da janela, em tentativas infundadas de perder o equilibrio e cair. Eu só queria poder encontrar o chão, me misturar às minhas poças de sangue, ser um tapete para as mentiras, mas tudo o que me cabe é esta cela de vidro, que de transparente apenas têm teu canto, tua melodia que embala meu disturbio.

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