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quinta-feira, 18 de março de 2010

As 12 badaladas


Primeira badalada:
Quando Ryan abriu os olhos, estava em um local estranho, diferente, que nunca havia estado. Fazia frio, muito frio, estava de noite, era um beco escuro, silencioso, cheio de poças de água anunciando que a chuva tinha acabado de passar. Procurou por alguém, mas nada viu além de uma cerração assombrosa. Correu para o meio da rua, e assim que piscou...

Segunda badalada:
Viu ele. Uma capa negra, uma cartola igualmente escura, correndo por aquelas ruelas vazias, fazendo o som de seus passos ecoarem no silêncio imposto pela madrugada. Piscou...

Terceira badalada:
O homem misterioso já estava ao alcance de suas mãos, seria fácil puxá-lo e ver quem era, e porque fugia. Foi o que fez, segurou firme sua capa, e virou seu rosto, coberto por uma máscara, e assim que a puxou, não resistiu e piscou...

Quarta badalada:
Tudo estava diferente, as ruas estavam claras, as pessoas caminhavam com seus trajes de época, as crianças brincavam nos cantos, as lojas abriam, o sol reinava em uma paz absurda. Nada condizia com a verdade, e novamente, lá estava o homem da capa. Não agüentou e piscou...

Quinta badalada:
Se via correndo na direção do misterioso homem, não sabia que caminho seguia, suas pernas estavam se mexendo sozinhas, ele apenas seguia o que elas faziam, e corria, corria desesperadamente esticando suas mãos para alcançar o homem. Estava chegando perto, quando piscou...

Sexta badalada:
Seus olhos encontraram um chão sujo, ao seu redor podia sentir o frio ultrapassando seu corpo ferido, a lama da rua sujando suas roupas e as sombras do homem correndo... Mais uma vez, piscou, era inevitável piscar a cada segundo.

Sétima badalada:
Já estava sem forças, cambaleando por ruelas tortas, vendo imagens distorcidas, vazios se misturando com o ar pesado, berros, sussurros, músicas fúnebres, e seu corpo estendido ao chão. Uma mão lhe tocou, mas ele piscou...

Oitava badalada:
Era o homem da capa, com sua máscara de ferro, e um punhal ardendo em sangue. A máscara não era tão grande a ponto de cobrir-lhe os lábios, que sorriam um sorriso maníaco, psicopata, entorpecido. Seus olhos, com lágrimas rasas tornaram a piscar...

Nona badalada:
Ryan já prendia o homem contra a parede, seus olhos exalavam ódio, e suas mãos exibiam uma força que nem mesmo ele sabia de onde vinha. Jogou seu corpo contra o dele, para aprisioná-lo ainda mais, estava pronto para tirar sua máscara quando ouviu o som de uma badalada do relógio e piscou...

Décima badalada:
Novamente ele corria atrás do homem mascarado, que fugia deixando sua capa voar com a brisa que assombrava as ruelas. Deixando rastros de sangue pelo local. Ryan corria o máximo que podia, se sentia fraco, mas não desistia. Lutou, mas não conseguiu evitar e piscou.

Décima primeira badalada:
O cenário havia mudado pouco, ele corria pelas esquinas de um cemitério. A densa neblina o assustava mais do que as lápides apodrecidas e os sons que emitiam os animais, quebrando o silêncio do seu medo. Já não se ouviam mais passos, não era possível ver nada, só ele sentado sobre um túmulo cheio de gravetos derrubados pela chuva. Ele queria piscar, mas não conseguia, e com seu devaneio o homem surgiu sobre seu corpo, como um demônio carnívoro, segurando seus pulsos firmemente com apenas uma mão, e a outra segurando um punhal de onde escorria o sangue que caía em gotas no seu rosto. E com uma das gotas, ele piscou...

Décima segunda badalada:
Seus olhos se abriam com medo, e já não havia ninguém lhe segurando, levantou em um impulso, e correu sem ter caminhos traçados, quando viu o mesmo homem às sombras de uma árvore com folhas secas. Se aproximou, e o homem não se mexia, e quanto mais se aproximava, mais claramente pode ver que ele segurava um coração sangrando em suas mãos. Tinha uma ferida aberta no peito. Ryan correu para ver quem ele era, e ao tirar sua máscara caiu pra trás, acordando em sua cama, com um peso sobre seu corpo.
Abriu os olhos e lá estava ele, o homem da capa, Brendon, seu namorado, com um punhal em suas mãos

- Não Brendon, não...

Apenas pode-se ouvir gritos desesperados de dor, e logo após ter matado seu namorado, Brendon segurando um coração sangrando em suas mãos.

- Seu coração será só meu!

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