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terça-feira, 12 de abril de 2011

Noite de Sangue


Era noite, inicio de madrugada na grande cidade. Luzes espalhadas por todos os lados deixava as diversões de Jane mais difíceis.

Uma casa, alvo perfeito. Quanto mais a mulher se aproximava, mais a noite se escurecia. Ventos, e uma densa névoa acompanhava os passos delicados e silenciosos da bela moça de cabelos longos e negros. Seu corpo parecia dançar no asfalto, sua cintura fina dava um balanço para suas pernas torneadas. Os longos fios negros dançavam com o vento, e a palidez de sua pele dava um brilho escultural ao seu rosto fino. O brilho de seus olhos passavam de um azul intenso para um rubro estonteante, mágico, fascinante.

Porta trancada, novidade. Nos dias de hoje as pessoas criam suas próprias prisões, se escondem atrás de metais, e caixas blindadas... Jane sentia falta dos tempos antigos, das ruas desertas, dos homens bebados, e de moças inocentes e desprotegidas vagando... Assim como fora um dia...

Não precisou mais do que um salto para que a moça chegasse na janela de um jovem, fazendo seu sobretudo voar com o pulo. Sangue... Cheiro forte, sangue puro, jovem. Os hormônios exalavam por aquele quarto, onde a inocencia a tempos não estava mais presente.

Havia um homem sobre a cama, 20 anos no máximo. Corpo atlético, cabelos pretos azulado na altura do rosto, pele clara mas com um bronzeado recente... Pobre homem...

Sua veia pulsava descontroladamente, Jane podia ouvir o barulho do seu coração bombeando o líquido vermelho que tanto desejava, sentia nos lábios o doce gostoso que invadiria seu corpo morto em alguns instantes.

Janela de vidro, uma pequena pedra no caminho da vampira, que com um toque tornou o vidro apenas pó. Seu corpo era magro o suficiente para passar pela fresta que lhe fora aberta, e agora, nada mais a separava de seu maravilhoso banquete.

Sua calça colada de couro preto reluzia com a fraca luz que vinha de fora, sua camisa branca tinha os primeiros botões abertos, revelando seu sutiã vermelho vibrante. Arma poderosa para sedução.

Eis que o homem acorda, assustado com o que vê sobre os pés de sua cama. Uma linda mulher caminhando em equilibrio. Esfrega os olhos rapidamente, os abre e fecha duas ou três vezes, antes de firmar seu olhar sobre o corpo que agora pressionava as botas ao lado se suas pernas na cama. Só poderia ser um sonho, um sonho quente e lindo, que ele faria questão de aproveitar até o fim.

Jane sabia aquilo que precisava para conseguir o que queria, era um simples negócio, trocas. Deixou seu corpo gélido sentar sobre o corpo quente do rapaz, que em um suspiro abraçou a cintura da vampira e passou a beijar seu pescoço, sem entender o perigo que se encontrava em cada toque.

Seus lábios mantinham-se pressionados contra a pele dela euforicamente, beijando-a, mordendo-a sem pudor algum. Jane apenas acariciava os cabelos do ingenuo homem que lhe acariciava, sem deixar de sorrir com o prazer que este lhe proporcionava enquanto se entorpecia de seu cheiro absurdamente delicioso para qualquer humano.

Dois corpos repousavam sobre o colchão macio. O de uma mulher morta, mas que sorria satisfeita, procurando por suas roupas espalhadas no chão, e o de um rapaz igualmente lindo, que se contorcia de dor, completamente nu.

Caio dormia, um sono perturbado. Seu corpo se movia descontroladamente, mordendo o travesseiro, a coberta caindo no chão, pesadelo talvez. Tudo o que conseguia ver eram vultos, uma linda mulher pálida, uma dor insuportável, suas forças irem se esvaindo de seu corpo, o toque gelado dela, o cansaço lhe dominando, cheiro de sangue, um liquido grosso em seus lábios, liquido quente e vermelho, e mais dor.

Não faltava mais do que uma hora para o sol nascer, e Jane já estava vestida, assistindo o nascer de sua criatura, que morria aos poucos, sem saber que eu acordar encontraria um mundo mais obscuro que seus próprios pesadelos, mas em troca, teria a beleza da vida eterna, sua juventude intacta e suas forças renovadas em cada pôr do sol.

Já estava na hora, e sem maior dificuldade a vampira pegou uma muda de roupas para vestir o corpo nu de Caio, e o carregou no colo em uma velocidade que a tornava apenas um vulto até seu apartamento totalmente escuro, protegido da luz. Deitou o corpo que ficava cada hora mais gelado em sua cama, deitando ao seu lado. Passou sua mao sobre o peito dele, encostando sua cabeça no ombro do mesmo, adormecendo... Logo os dois noturnos teriam mais uma fascinante noite de sangue e prazer.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Tango de fogo


O violino anuncia a nossa música, e num canto, eu desejo que me tenha. Que me pegue nos braços, enquanto minhas pernas caminham em fuga. Prenda-me num abraço forte, imobilize-me no calor do teu corpo, para que eu não escape entre os suspiros. Meus delírios clamam pelo toque que me trará, em chamas, à tua prisão de luxúria.

Uma obsessão que me consome, os gritos tentadores que me cercam, tornam-me incapaz de resistir à sedução. Sou fraca como a carne que me reveste, entregue aos pecados como uma amante louca pelo prazer.

Teus beijos têm se tornado vento e, querido, eu sou um furacão inteiro. Tuas mãos não são capazes de percorrer minha pele com audácia, e da tua voz, já não sai mais o canto que arrepia-me da cabeça aos pés. Perdoa-me se inflamo pelo dom que deixaste adormecer em teus domínios, mas por teus encantos me tornei uma viciada, e se a noite me foge, caço-a com o vestido vermelho que me deste em oportunas ocasiões.

Não me julgue pelos atos, mas entenda que não vivo de amor. Teu corpo tem mais perfume que os filtros de cigarro no cinzeiro que abandonas todas as manhãs. E de cheiro, eu quero apenas o suor a percorrer em gotas ávidas pelas curvas que tanto cultivo em teu nome. Necessito embalar-me nos suspiros de um beijo volupioso, até que uma explosão me consuma por dentro, queimando-me como arde em meu peito essa ânsia por um desejo como o meu.

Já não tens mais a força que me domina, ou, apenas perdura em teus olhos, cravejados em gelo, a sede que sabemos ser tão pouca perante a minha. Eu sou a forte chama que faísca a vontade de tê-lo, mas os brilhos rubros de minhas vestes encantam mais a noite do que podem arrancar de ti.

Entendas que teu amor me enche, mas é a paixão que me completa. E, se não tens mais o fogo que alimenta esta dança, deixo-me entregue aos bailarinos que de pecado me cobrem, até que possas me tomar nos braços de maneira enlouquecedora, e entre murmúrios desconexos, possuir-me como tua.