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terça-feira, 23 de junho de 2009

O preço da eternidade II - O ritual


"...Sorrindo, Karoline sentia uma sede de sangue, que apenas seu beijo mortal poderia saciar-lhe. Então, afiou ainda mais seus caninos, e abocanhou o pescoço de Bryan, que fechou seus olhos inconsciente."

Karoline olhou fundo nos olhos fechados do seu amor, ele repousava como um anjo em seus braços. Sua liberdade fora corrompida da forma mais carinhosa, e sua nova vida saberia repor tudo o que ele havia perdido naquele beijo. Já era tarde, mas ainda sim, era perigoso continuar ali. Sem nenhum esforço, Karoline pegou Bryan no colo, o colocou sobre os ombros, e numa velocidade incrível correu até sua casa, seu castelo, que ficava no alto de uma montanha.
Ao chegar em casa, Karoline não resistiu aos seus desejos vampirescos, e levou Bryan até seu quarto. Ele estava desacordado, e não deveria se lembrar muito do que aconteceu anteriormente, não por enquanto. Para simular algo, ela se despiu, e fez isso com ele também, vampiros gostam de jogos, e ao despertar, o professor estaria ainda mais confuso.
Ao alvorecer do dia, Karoline acordou para realizar seu ritual taumaturgo diário, assim, podendo purificar seu corpo. Se pôs em um circulo feito de pedras e ponte agudas na posição de lotus, e começou o ritual 'higiênico', fazendo com que qualquer impureza do seu corpo saísse. Assim que terminou, ela voltou para dentro do castelo, e encontrou com seu pai na sala. Os olhos deles brilhavam como chamas ardentes, sua voz era ríspida, ele queria saber quem era aquele ser que ela havia levado para o quarto ontem à noite.
- Pai, ele é o professor Bryan.
- O que? Eu não acredito que trouxesses um humano para nossa casa Karoline!
- Ele não é mais humano, o senhor disse que eu só poderia ficar com ele, se ele fosse um igual a nós, então, eu o transformei nesta noite.
- Você imagina o que acaba de fazer?
- Mas pai, o sen...
- Não me chame de pai! Romiro, este é meu nome.
- Sim senhor.
- Karoline, você desobedeceu a primeira tradição que Cain impos sobre nós. : A MÁSCARA "Não revelarás tua verdadeira natureza àqueles que não sejam do sangue. Ao fazer isso renunciará aos seus direitos de sangue."
A terceira tradição: A PROGÊNIE "Apenas com a permissão de teu ancião gerarás outro de tua raça. Se criares sem a permissão de teu Ancião, tu e tua progênie serão sacrificados."
Você consegue ver a gravidade dos teus atos?
- Mas pa... Meu senhor, estas eram as condições para que eu pudesse tê-lo para mim.
Ao ouvir os gritos vindos da sala, Bryan acordou, procurou por roupas, não sabia onde estava, nem que dia era. Seguiu até a porta, sentindo uma terrível dor no corpo, quando a fraca luz que ultrapassava a janela encostava em sua pele esbranquiçada. Enrolou-se em um cobertor, sentia um frio enorme, e pela fresta da porta, viu Karoline se ajoelhas, em lágrimas diante de um homem, que ele julgava ter cerca de 30 anos.
- Perdão meu senhor, perdão. Achei que nestes longos anos havia conseguido me priva de minhas fraquezas humanas, mas estive enganada o tempo todo. Eu o amo, ah como eu amo o Bryan, mas se soubesses como me arrependo. Me perdoe, por favor, eu posso amar o Bryan, mas o senhor é meu criador, o senhor é minha fortaleza, meu porto seguro, aquele a quem devo extrema obediencia, e aquele que eu amo mais do qualquer qualquer outro ser. Me perdoe, não mais me castigue, com tudo o que acontece, não me castigue, me é uma tortura não poder mais chamá-lo de pai, tu, que és meu criador, meu ancião, meu pai, não me castigue desse jeito, eu te imploro, deve haver algum jeito, algum ritual que faça Bryan esquecer o que viu e ouviu, e volte a ser humano novamente. Karoline chorava desesperada aos pés do tal homem.
Bryan colocava as mãos na cabeça, andava descontrolado pelo imenso quarto, não sabia o que estava acontecendo, não sabia o que aquelas pessoas estavam falando, mas ele teria que dar um jeito de sair daquele lugar.
- Karoline, és minha cria, e segundo a Quarta tradição de Cain, nosso Senhor, sou responsável por ti. Tu fostes a única que transformei até hoje, a única a quem vi quase morrer, e lhe dei uma vida nova. Sempre te deixei livre para fazeres o que quisestes, e só pedi responsabilidade de tua parte. Mas és minha cria, te levante.
Karoline, obedecendo seu ancião se levantou, e seu pai a abraçou fortemente. Depois de séculos, uma única gota de lágrima escorreu por sua face. Lágrima que ele imediatamente escondeu.
- És minha filha, e nunca deixarás de ser. Eu a amo, como eu a amo. Teu futuro posso garantir, te livro da punição cabível a terceira tradição, mas tua cria terá que ser destruída em um ritual de torpor eterno.
- Tem certeza meu pai? Não há outro jeito?
- Sim, tenho certeza.
- Então, se é assim, que seja feita vossa vontade.
- Vá cuidar para que sua cria não fuja, que eu procurarei os 10 anciões necessários. O ritual será nesta noite.
- Sim meu pai!
Karoline então foi em passos lentos até seu quarto, e Romiro saiu em uma extrema agilidade pra fora, a procurar os anciões. Quando Karoline chegou no quarto, viu Bryan tentando abrir a janela para tentar escapar.
- Bryan, não!!
Ela gritou, mas já era tarde demais. Assim que ele abriu a janela, a luz do o jogou fortemente contra o chão.
- Ah, socorro, socorro.
Era só o que ele gritava enquanto sentia a luz queimar sua pele. Karoline foi rápido ao fechar a janela, ele ainda era um 'recém-nascido', ainda não estava pronto para enfrentar a luz do sol, assim como ela e seu pai. Karoline olhou para Bryan caído, e o ajudou a se sentar na cama. Ele estava fraco, precisava se alimentar, então ela mordeu o próprio pulso e deu para que ele tomasse seu sangue. Ele não entendia aquilo, e não queria, mas sua sede era tanta, que ele tomou desesperado o sangue da vampira. Karoline teve que o interromper, assim que se sentiu tonta.
Com a boca cheia de sangue, o professor perguntou o que estava acontecendo, ele estava com medo. Ela olhou fundo nos olhos dele, e sentiu seus olhos se encherem de lágrimas, e então, se aproximou dele, e deu-lhe um beijo extremamente longo e apaixonado. Sem que ele percebesse, ela o mordeu em meio ao beijo, sugando boa parte de seu sangue, deixando-o ainda mais fraco. Após o beijo, Bryan olhou pra ela sem entender.
- Durma meu amor, tudo ficará bem!
- Eu não irei dormir até que você possa me explicar o que está acontecendo.
Karoline não conseguia deixar de pensar que o ritual estava próximo, e então, fechou seus olhos e concentrou uma grande energia em suas mãos, lançando-a contra Bryan, fazendo-o assim dormir novamente.Assim que Bryan adormeceu, ela pegou um cálice de ouro em sua cômoda, e cuspiu nele todo o sangue de Bryan. O lacrou com magia, e escondeu para que ninguém pudesse encontrá-lo. Karoline sentiu a culpa de tão belo e jovem rapaz morrer pesar em suas costas, e o carregou até o banheiro, dando um banho carinhoso nele. Ele permanecia desacordado, pela força de energia que ela havia usado nele. Ela não tinha forças pra falar, não tinha forças pra pedir perdão e dizer o quanto o amava.
- Não tenhas medo meu querido, será rápido, e não irá doer. Não te preocupes com nada, quando acordares os olhos, irás perceber que foi muito melhor do que você um dia imaginou.
Logo após dar-lhe um banho, ela o vestiu com cuidado, seu corpo estava frágil. O deitou em sua cama, e ficou a contemplar o semblante de medo que exibia ao dormir.
O dia se passou rapidamente, e quando a noite já trazia a escuridão, seu pai chegou com 10 anciões em casa. Todos estavam vestidos com longos mantos pretos, capuzes e luvas, para não serem identificados. Bryan acordava lentamente, sua visão estava confusa, e seus outros sentidos também. Do quarto, Karoline viu os anciões, e ao olhar seu pai, abaixou a cabeça. Dois anciões entraram em seu quarto, um segurou seus braços, enquanto o outro pegou Bryan no colo e o levou para uma área descoberta do castelo. Todos estavam reunidos lá, e Bryan não conseguia gritar por socorro, nem mesmo falar, perguntar o que estava sendo feito de sua vida.
Um dos anciões o despiu, pegou um punhal mergulhado em sangue de ovelha negra e fez uma cruz virada pra baixo na barriga dele, e costurou um crucifixo em sua boca. Bryan ainda nao sentia dor, mas sua alma estava o matando por dentro com o crucifixo. O ancião o amarrou com correntes de prata, que haviam ficado durante 7 dias, sobre a luz da lua cheia. Uma fogueira com o dom taumaturgo de fogo foi criada, e logo em seguida um pó de sal foi colocado em volta da fogueira. Só então ele começou a sentir dor. Sua dor era tanta, que ele não suportou e entrou em frenesi. Karoline não aguentava ver aquela cena, e se remexia nos braços do ancião que a segurava. Foi então que os anciões se ajoelham em volta da fogueira e começam a falar em latin um cantarilho mortal. Bryan gritava, seu corpo já havia sido corrompido, agora sua alma era brutalmente torturada. Karoline gritava por seu nome, chorava desesperada, e tentava em vão sair daquele abraço sufocante e salvar seu amor de toda essa angustia que a consumia, dilacerando sua mente.
2 horas depois de tanta tortura, o ancião que havia costurado a cruz, se levanta e vai até Bryan. Ele, sem dó alguma puxa a cruz, descosturando ela rapidamente, e deixa o sangue de Bryan escorrer pra dentro de uma taça de ouro, cravejada de diamantes formando cruzes. Bryan era um vampiro, e como qualquer outro vampiro, seu machucado vai se curando rapidamente. O ancião esperou que a ferida se fechasse, para costurar novamente o crucifixo na boca dele. Logo após, o ancião subiu num altar de mármore, que ficava neste local descoberto do castelo, e ofereceu o sangue da taça a Caim e Zulah, e então se pôs a desafiar cada ponto cardial, fazendo isso 7 vezes. Na sétima o ancião caiu desmaiado e do cálice saiu uma fumaça cinza de fogo, que passou a queimar Bryan, e o fez ficar amaldiçoado a entrar em torpor eterno.
Os anciões se levantaram, pegaram o que estava caído com todo cuidado e se retiraram do local em alta velocidade, deixando Bryan acorrentado, e Karoline caída ao chão, sobre lágrimas. Karoline, com dificuldade recuperou suas forças, e desacorrentou seu amado. Pegou com carinho, queria arrancar aquela cruz que estava costurada em sua boca, mas isso só traria mais sofrimento. Levou-o para o seu quarto, acariciou seus cabelos até que ele pudesse acordar. Sorriu seu sorriso mais gentil. Os olhos de Bryan eram dor, ódio, raiva, tortura, mas ela não se importava, ele continuava belo.
- Bryan, és um vampiro agora, podes falar comigo por telepatia, tente meu amor, tente, e atenderei seus desejos. Você teria 5 horas até entrar em torpor eterno, mas já se passou uma, por favor, me perdoe. Bryan fechou os olhos, e tentou por várias vezes se comunicar por telepatia com Karoline, até que conseguiu.

[telepatia]
- Karoline, viu o que fizestes comigo? Agora estou condenado a esta inútil forma, e a dormir eternamente.
- Me perdoe, eu te amo, pensei que assim poderíamos ficar juntos.
- O que será da minha família agora, sua irresponsável?
- Cuidarei deles pra você.
- Não! Não se aproxime de nenhum deles, não quero que nenhum tenha o mesmo fim trágico que o meu.
- Como quiser. Este é seu último pedido?
- Não, eu preciso escrever uma carta.
- Carta? Pra quem?
- Katherine, meu único e verdadeiro amor.
- Katherine, sempre Katherine. Não vês que ela é a culpada de tudo?
- Não a condene pelos seus atos.
- Não irei discutir contigo, me arrume caneta e papel.
- Como quiser meu amor.

Karoline se levantou, pegou caneta e papel, e deixou sobre sua escrivaninha.

[telepatia]

- Tens 4 horas apenas, não te esqueças, não irás vê-la?
- Me deixe em paz!
- Como quiser.
Karoline saiu do quarto, e deixou seu amado ali, sozinho, enquanto suas últimas 4 horas de vida iam se esvaindo. Então, ele começou a escrever sua última carta.
Thannyth e Wyllyan

2 comentários:

Michel-Metallica disse...

Oi Thannyth. Recebi seu convite para visitar o seu blog. Gostei muito. Aproveitei tb para ler alguma coisa...está na medida de seu talento(como sempre, até agora), confesso que aos poucos estou virando seu fã....um beijos.

Unknown disse...

meew eu amei essa historiaa *--* vai te q continua ela hein dona Than :P