Marcadores

Localize-se

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Jardim


Um vento frio abre a janela. O barulho do vidro a trás do seu mundo de sonhos. Ela abre os olhos com dificuldade, ainda é madrugada. O vento continua a tocar a janela, fazendo as cortinas dançarem, ela sabe que ele está vindo.
Ele nunca avisou quando chegaria, nunca deu notícias, mas ela sabe que estará ali em poucos minutos.
Um sorriso inunda sua face, o brilho em seus olhos azuis é mais visível sobre a luz da lua, do que quando estivera de dia. Se levanta, não tem muito tempo, não quer fazê-lo esperar.
Veste um roupão qualquer, está frio lá fora. Coloca um sapato qualquer para proteger os pés, a euforia é tanta que até se esquece de acender as luzes para enxergar o caminho da porta.
Ela esperou por este momento por tanto tempo, nem acredita, ele estará ali, ela sabe que sim.
Não será mais um sonho como em todas as outras noites, desta vez é real, ele disse que viria, disse que um dia a encontraria, e este dia chegou.
O fim da espera. As nuvens agitam-se no céu escuro, obra dele, ela sabe, ela o conhece melhor do que a si mesma.
Fecha a porta com cuidado, mais alguns passos e estará no jardim, assim como combinaram. Aquele balanço, ela se sentava todos os fins de tardes naquele balanço, esperando por uma mensagem dele, mas ele só vinha nas noites mais frias.
Novamente ela está sentada, as mãos se apertam para aquecer, mas no fundo é só ansiedade e esperança.
A última brisa fria tranpassa em seu corpo. Ele chegou.
Ela sente o perfume dele no ar, nunca sentira tamanha entorpecência com apenas um cheiro, o cheiro dele. Fecha os olhos, tenta ouvir os passos que ele dá sobre as folhas secas do jardim.
Um sussurro. Ela pode sentir a presença dele logo atrás de si, dizendo que chegou, então ela sorri. Ainda não abre os olhos, não, quer aproveitar desta magia por mais algum tempo.
Ele está na frente dela, segurando-lhe as mãos. Ele é tão frio, mas seu toque é capaz de acender fogueiras dentro do corpo dela...
Ela abre os olhos. Seus tão lindos olhos azuis a encontrar o brilho vermelho nos olhos dele. Seu sorriso, ela admira aqueles caninos desde que se encontraram pela primeira vez naquele sonho. Sua mão passeia pelo rosto dele, tão pálido.
Ele a beija, não aguenta mais esperar, tem esperado para encontrá-la desde que morrera, séculos de espera até que ela estivesse pronta.
O beijo da vida dela, a essência da morte dele.
Dois lábios, uma respiração, um único coração a pulsar o que faz o segundo coração continuar a manter seu dono vivo.
Eles estão na grama, abraçados, olhando as estrelas. Ele trás o vento, mas ela não sente, está segura nos braços dele, está feliz, está sorrindo.
A noite vai perdendo a força, é hora de partir, eles sabem. Mais um beijo, o primeiro raio de sol por pouco não toca o corpo dele, ela teme que isso aconteça.
Eles voam para o quarto dela, onde ele a repousa na cama.
Mais um sussurro, e ela responde que também o ama...
Então ele se vai...

Um comentário:

Unknown disse...

Ai que lindo, perfeito! Quase um sonho... poste mais assim. Abraços com orgulho, Raphaella Garcia. ;)