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terça-feira, 23 de junho de 2009

O preço da eternidade I - Um novo cainita


Bryan era um moço jovem, de apenas 22 anos. Alto, branco, olhos claros e cabelos escuros. Por onde passava, arrancava suspiros e mais suspiros. Morava com a mãe, já que nunca conhecera o pai, e um irmão caçula de 16 anos. O pai de seu irmão, sempre fora um homem bom, humilde, e Bryan queria seguir os passos de Gerson, seu pai adotivo.
Bryan lecionava na única escola que tinha ensino médio em sua cidade. Dava aulas de filosofia, sempre fora bom na matéria. Era um professor querido por todos, simpático e divertido, exceto por uma aluna.
Karoline tinha os cabelos compridos, negros, e sempre caídos por seus olhos, sempre escuros. Sua pele era clara demais, mesmo não fazendo tanto sol na cidade, nem todos eram tão brancos como ela. Não tinha amigos, e vivia em seu mundo solitário no canto da sala, sempre prestando atenção em Bryan.
Era madrugada quando Bryan caminhava pelas calçadas imundas da pequena cidade em que vivia. Tinha acabado de deixar Katherine em casa, sua namorada, seu eterno e único amor.
Ele caminhava sem pressa, mantinha os passos longos e sossegados, nada acontecia naquele lugar esquecido por Deus.
As ruas estavam desertas, era tarde para uma cidade pequena. As pedras que batiam em seus pés, seguiam-se pra longe, e apenas o barulho que as mesmas faziam era capaz de ser ouvido pelos ouvidos despreocupados de Bryan.
Até que então, algo o alarmou.
Bryan caminhava, olhava tudo e via o lugar só, o poste à sua frente tinha a lâmpada quebrada, e enquanto passava entre o poste, uma sombra começou a segui-lo, porém, ele não entendia o por quê dela ainda existir, já que no local não havia luz. Foi então que ele sentiu algo, um arrepio. Seu coração disparou, e uma energia negativa tomava conta do local. Bryan corria, ele corria descontroladamente. Mas quanto mais corria, mais sentia seu peito bater compulsivamente, e um medo apavorante invadir-lhe a alma.
Bryan correu tanto, que as próprias pedras que ele chutara anteriormente, fizeram-lhe tropeçar. Ele não queria olhar pra trás, não, ele estava perturbado, mas ele precisava se levantar e correr. Ao por-se em pé novamente, ele viu a mesma sombra que o seguia chegar rapidamente mais perto. Era uma imagem distorcida, e o cheiro do sangue que saia de sua cabeça, a atiçava ainda mais.
Ele fechou os olhos, tentando se recompor, foi então que ouviu uma voz conhecida.
- Professor Bryan, tudo bem?
Bryan abriu os olhos desconfiado, aquela era a última voz que ele pensaria em ouvir naquele momento.
- Karoline? O que está fazendo aqui a essa hora da noite?
- Estou vindo da casa de uns amigos, aconteceu alguma coisa? O senhor está branco!
- Alguém, alguém estava me seguindo, você não viu?
- Não, me desculpe mas eu não vi ninguém, não!
Bryan recuou por alguns instantes.
- Vá pra casa Karoline, está tarde.
- Sim, eu vou, mas antes, deixe-me lhe ajudar.
- Eu estou bem, não preocupe, vá pra casa.
Karoline sorriu de canto, se ajeitou e seguiu seu rumo por entre a escuridão.
Bryan suspirou, e pensou por um segundo, não havia engolido a história de Karoline, e alguém estava o seguindo, disso ele tinha toda a certeza.
Mas já estava tarde, e o susto havia sido demais pra ele. Voltou a caminhar em direção a sua casa.
Na manhã seguinte, como em todas as manhas, Bryan levantou animado para ir dar aula. Teria um horário livre no meio da tarde, e aproveitaria para comprar o presente de um ano de namoro nesse meio tempo.
Quando chegou na escola, foi simpático com as zeladoras [que o admiravam discaradamente] e adentrou sua sala de aula. Assim que entrou, percebeu que Karoline, que nunca havia faltado um dia se quer, não estava lá, quieta, no seu canto obscuro de sempre, e isso o preocupou mais ainda. Fazia de tudo para não lembrar do episódio da noite anterior, mas tudo o que lhe vinha a cabeça, eram os olhos puros de Karoline, e seu sorriso sedutor, porém sombrio, que havia visto naquela noite.
A manhã se seguiu normalmente, e ele não comentou o fato com ninguém. Logo mais a tarde, comprou o presente pra sua namorada Katherine.
Mandou que embrulhasse num papel vermelho reluzente, o que tinha dentro daquele pacote era um mistério, que apenas ele saberia desvendar.
Voltou para a escola logo no final da tarde, e deu suas aulas noturnas na mesma empolgação que havia dado a primeira aula do dia. Esperou até que todos os seus alunos tivessem ido embora, e foi também. Era inevitável passar pela rua em que havia se assustado ontem, então, caminhou o mais rápido que pôde, chegando logo, e a salvo na rua de sua casa.
Embaixo de sua roseira, observou que tinha alguém, uma mulher.
- Olá professor Bryan.
Soou a voz feminina e sedutora que ele não havia ouvido esta manhã.
- Karoline, é você?
- Sim, sou eu!
- O que está fazendo aqui?
Karoline nada respondeu, e esperou que ele viesse vê-la mais de perto.
Seus cabelos longos, e escuros a escondiam mais ainda, e a fraca luz da rua, iluminava seu olhar, que era angelicalmente infernal.Assim que se aproximou, Bryan viu os olhos, que já estavam rubros, de Karoline, e seus dentes mais afiados.
- Mas o que está acontecendo aqui?
- O que foi professor, não está feliz em me ver?
- O, o que é você?
- Ora, sou eu, chegue mais perto.
Tomado pela curiosidade, Bryan se aproximou ainda mais de Karoline, grande erro. Assim que ele se aproximou o suficiente, ela pulou em cima de seu pescoço, derrubando-o no chão.
- Karoline, me solte!
- Ah! Por que? Está tão bom sobre seus braços.
- Socorro!!
Bryan gritava desesperado por socorro, mas Karoline foi mais rápida, e calou seus lábios com um beijo quente e molhado. Ele lutou em vão, contra a pequena moça que lhe dominava. Olhando fundo em seus olhos, Karoline fez com que Bryan parasse de se mexer, sem poder ter reação nenhuma. Ela lhe contemplava com fervor, e então, declarou tudo o que sentia.
- Sabe, desde o dia em que te vi, adentrando o meu território naquela escola, eu me apaixonei perdidamente. Nunca havia visto alguém como você. Nunca havia visto um mortal tão belo e atraente como você. Seu cheiro, o cheiro do seu sangue me deixou completamente perdida, fascinada, eu tentei me afastar, eu tentei fugir de meus instintos, mas a cada dia que passava, minha fome de ti aumentava, meu desejo, minha paixão, e você nunca nem se que olhou pra mim. Por que hein? Eu não sou tão feia. Você só sabe ter olhos para aquela idiota da Katherine. Garota sem sal, sou muito mais eu. Mas agora, sou eu quem te tem sobre domínios, e eu posso fazer contigo o que eu quiser. Prometo que não doerá, não suportaria ver-te sentindo dor. Será rápido, fique tranquilo.
Sorrindo, Karoline sentia uma sede de sangue, que apenas seu beijo mortal poderia saciar-lhe. Então, afiou ainda mais seus caninos, e abocanhou o pescoço de Bryan, que fechou seus olhos inconsciente.
Thannyth e Wyllyan

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