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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Mãe, o sol morreu!


Passos silenciosos se destacavam naquele lugar, onde até o silencio era música. Uma música sem melodia, mas que embalava os mortos para sua eternidade. A luz da lua era a única fonte de iluminação nas pedras de mármore, e as corujas anunciavam que um dos seus voltava para casa. As pegadas acabaram no túmulo mais simples, onde apenas uma rosa vermelha morria com o vento cortante. Os dedos esbranquiçados de Sophia tocavam a lápide levemente enquanto em seus olhos desenhavam-se toda aquela batalha em fogo, queimando o azul num vermelho vibrante, insandecido. Toda dor que todos aqueles anos acumularam em seu peito, escorriam como navalha por seu rosto, rasgando a pele com tanta fúria, que nem dor mais ela sentia. Os cabelos negros esvoaçavam com a ventania ao redor, vingança ela prometera um dia, e horror ela traria. Seus pés afundavam na terra remexida, e o cemitério inteiro abria as portas para o que ela deixara morrer. Sua alma agora era parte daquele túmulo, e descansaria em paz, mas seu corpo ressurgia do submundo. O caos era seu controle, o inferno obedeceria às suas mãos. Assim como eles a fizeram temer o sol, ela os faria temer a noite.

- Da mesma maneira que te lembras do dia em que me tiraram a vida, lembra-te da noite em que os levarei à morte.


Vicente caminhava serpenteando as pessoas na cidade, sua mão pequena apertando a da mãe, até que sua visão encontrou o sol se pondo no horizonte. Assustado, ele puxou a figura protetora e apontou para frente.

- Mãe, o sol morreu!

E do alto da torre, ela lhe soprou o que viria.

- Tema, meu querido, tema. Pois esta é a hora em que os meus retornam das cinzas.

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